quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Alhambra



Em nenhum lugar do mundo anoitece como em Alhambra - a Vermelha.
O vermelho é tão imenso e profundo que a neve que cobre as montanhas de Sierra Nevada se tinge de rosa - carmim.
Os sinos da velhíssima catedral soam; são 8 da noite e tudo é poesia e silêncio, o resto se apequena.
Os portões se abrem.
Fala-se baixo, pisa-se leve, mãos dadas.
A multidão não é mais do que um caminho de formigas.
Monumental.
O mundo está longe, a vida é lenta, os perfumes se soltam de todos os lados. A magnólia, o olodendro, as rosas, assim são os perfumes do Generalife.
Lá embaixo Granada, ocre, se ilumina.
Por cima de tudo o azul infinito rasga-se em vermelhos e rosas e roxos e amarelos, e madrepérolas.
E, por detrás da Sierra Nevada surge branca, redonda, fria, la luna.

Mas o homem se impõe e cruza o céu num jato, seu rastro arredonda-se como a terra, como a lua.
Mas Alhambra não se abala e, derramada sobre a colina guarda as sherazades que espreitam, por entre os muxarabis, o anoitecer. As histórias estão prontas para encantar, para enganar.
Alhambra embala o sonho do sultão, ela é a favorita. A que lhe deu o filho desejado.
Granada se aninha nas montanhas que lhe servem de coroa e no primeiro acorde da guitarra desperta a cigana.
Alhambra, um rubi no centro destes mundos.